quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Primeiras impressões

  1. Primeiras Impressões e Considerações Iniciais

É hora de inovar e renovar, traçar caminhos que possam transcender o inesperado ou o complexo e criar conexões com o ainda não pensado ou não ousado.

Isabel Cristina Hierro Parolin


No dia 22 de abril, às 13:30 horas nos reunimos na sala da coordenação pedagógica do Colégio Municipal Conselheiro Junqueira Aires, para a nossa primeira oficina, que teve como objetivo, entre tantos outros: listar as dificuldades no ensino de Língua Portuguesa; identificar as concepções dos professores sobre gêneros e apresentar a estrutura do Programa, suas implicações teórico-metodológicas, compromisso dos cursistas, enfim, apresentar um panorama geral do Gestar. Outro objetivo dessa oficina foi estudar as unidades 9 e 10 do TP 3.

Inicialmente, fizemos a leitura compartilhada do texto: Uma homenagem às professoras de português, de Marluci Brasil, um texto irreverente que retrata a docência das "professoras de português" de forma muito interessante, levando-nos a pensar sobre o foco gramatiqueiro atribuído às aulas de Lingua Portuguesa. Em seguida, utilizamos a dinâmica da mão, onde cada um tem que escrever as dificuldades e possibilidades no ensino de Língua Materna. Nessa atividade os professores puderam externar a realidade vivenciada no cotidiano escolar, as dificuldades vividas no seu fazer pedagógico, deixando claro que, prioriza-se o ensino normativo da Gramática, sem levar em conta as condições sociocomunicativas dos falantes da língua, sua funcionalidade e suas variações.

Depois dessa breve reflexão, passamos a trabalhar com a página 13 do Guia Geral onde os cursistas tiveram a oportunidade de expor suas expectativas a respeito do Curso e de conhecer a estrutura, metodologia, objetivos e a proposta pedagógica do Gestar.

Num clima descontraído e de muito respeito fizemos uma dinâmica dos animais para divisão da turma em grupo, seguida da caixa de gêneros com distribuição de vários gêneros onde cada trio teve que realizar algumas tarefas: identificar o gênero, a situação sociocomunicativa, quem escreveu, porque escreveu, para quem o texto havia sido escrito e com que finalidade. Essa caixa continha: contrato de trabalho, fatura, boleto bancário, currículo, poesias, propagandas, receitas, bilhete, e-mail, histórias, entre outros. O desenvolvimento dessa atividade foi muito interessante, favorecendo a participação intensa dos professores que fizeram suposições, inferências e ainda trocaram saberes quanto ao gênero textual em análise. Ao final, houve a socialização das descobertas e hipóteses tecidas nos grupos e alguns fizeram destaque sobre técnica utilizada para inserir o estudo dos gêneros, afirmando que, dessa maneira facilitaria a leitura e motivaria muito os alunos para produção, uma vez que os textos estão por toda a parte, em nosso dia a dia.

Depois desse delicioso momento, realizou-se uma apresentação, em slides sobre Gêneros Textuais, e cada um pode interagir, refletir, tirar dúvida e compartilhar informações a respeito da temática. Durante a exposição dialógica, podemos perceber, claramente a confusão didática que nós fazemos sobre a classificação, diferenças e semelhanças entre os diversos gêneros textuais, sua organização, sequências discursivas predominantes, etc. Refletimos também sobre a importância da didatização do ensino dos gêneros na escola, sua finalidade e a quem se destina, ou seja, que no trabalho de leitura e produção textual o professor não seja o único leitor, mas que possamos pensar em: Quem é o leitor do texto? A quem se destina? Porque se escreve? Para que se escreve? aproximando o máximo o uso social dos textos que fazemos diariamente, fora da escola. Outro ponto que fizemos destaque foi o quanto é importante o professor valorizar e explorar o conhecimento de mundo dos alunos, suas experiências e também seus conhecimentos intuitivos a respeito das diferentes maneiras de organização dos diversos textos. Essa questão foi polemizada, quando a professora Sonilda afirmou que não consegue iniciar uma aula de "gramática" sem antes dizer o conceito. Ela disse que não acredita que seus alunos sejam capazes, ou que já tenham construído, um conceito satisfatório. Após sua fala, fizemos uma reflexão a cerca da abordagem feita na introdução da temática, em que primeiro construímos juntos a noção de gêneros, listamos sua diversidade para enfim, teorizar, buscar aprofundamento teórico, o que nos daria condição de refazer, ou não, a nossa concepção, a nossa competência sociocomunicativa. Claro que essa consciência não exclui seu ensino na escola, ao contrário, serve de estímulo para aprofundarmos esse conhecimento, expandindo-o, aprimorando-o.

Após um breve intervalo, passamos ao estudo da unidade 10, que tem como objetivos: distinguir as características de gênero literário e não - literário; caracterizar gênero poético e conhecer uma das formas de realização do gênero poético - o cordel. Para dar inicio a esse estudo, utilizamos um cordel: A história de Itagi, escrito em 1970 por alguns cordelistas da cidade. Alguns já conheciam esse cordel, outros porém ficaram surpresos em saber que na nossa cidade já existiram cordelistas. Em seguida apreciamos o grupo Cordel do Fogo Encantado, com o cordel do poeta ZÉ da Luz - Ai se sesse. A partir dai foi solicitado que se dividissem em grupo para criação de um cordel, atividade que foi bastante interessante de perceber o poder de criação dos colegas que criaram cordéis, como não poderia ser diferente, retratando a vinda (chegada) do Gestar em nossa cidade. Ao final, analisamos a realização dessa atividade, a construção de um pequeno varal e sugerimos que fosse pensada e realizada em sala de aula.

Em seguida fizemos a avaliação da oficina e suas contribuições para a nossa prática pedagógica, uma vez que o cordel por ser popular e tratar de temas que retratam nossa realidade é bem recebido por alunos de qualquer idade, porém pouco, ou nada utilizado pela escola. Ao final da oficina, pude constatar que os professores demonstraram grandes expectativas, se mostraram dispostos e abertos à proposta do Gestar o que me leva à seguinte reflexão: Para que a formação continuada de professores possa constituir-se como um processo de desenvolvimento pessoal e profissional é necessário ponderar seus caminhos percorridos, suas características pessoais, sua história profissional, suas construções, coletivas e individuais, considerando-os sujeitos ativos de seu processo de formação e de desenvolvimento, possibilitando-lhes situações didáticas em que possam estar refletindo sua práxis, incentivando-os a registrar suas reflexões e re-construções.

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